Dados da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE) realizada para o IBGE revelaram que mais de 40% dos alunos já sofreram bullying, o que se refletiu em problemas de saúde mental. 24% dos entrevistados declararam sentir que a vida não vale a pena.
O bullying pode ser uma preocupação para muitas pessoas – pais que têm filhos em idade escolar, profissionais da área da educação e crianças e jovens que frequentam espaços com outras pessoas de sua idade. Neste sentido, é importante aumentar a conscientização da sociedade sobre o tema, não normalizar os atos de violência e buscar ações efetivas para combatê-las.
Veja, neste artigo, o que é o bullying, como identificar uma vítima, as consequências desta prática para a saúde física, mental e emocional e os passos que os pais, educadores e jovens podem tomar para diminuir as ocorrências.
O que é bullying
‘Bullying’ é uma palavra da língua inglesa, gerúndio do verbo “to bully”, que pode ser compreendida como intimidar, ameaçar, maltratar ou oprimir, de acordo com o dicionário. Assim, podemos entender que o termo se refere a qualquer ato de violência, física ou não, que cause algum tipo de sofrimento ao outro.
No mês de novembro de 2015, foi estabelecida a Lei nº13.185 com o Programa de Combate à Intimidação Sistemática, em todo o território nacional. De acordo com esta lei, o bullying seria “todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitiva que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-las ou agredi-las, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas”.
Assim, o bullying pode ocorrer de diversas formas: física, com tapas, empurrões, socos ou chutes; verbal, com insultos, xingamentos e apelidos; moral, a partir da disseminação de boatos, calúnias e difamações; psicológica, com perseguição, intimidação, manipulação e amedrontamento; social, ao ignorar, isolar e excluir; material, a partir de furtos, roubos e deterioração de pertences; e virtual, com mensagens ofensivas ou intrusivas, adulteramento de fotos, vazamento de dados e com a prática de stalking (= o ato de perseguir ou importunar de modo frequente outra pessoa, por qualquer meio, direta ou indiretamente, de forma provocar-lhe medo ou inquietação ou a prejudicar a sua liberdade).
Fontes: Agência Câmara de Notícias e Site Câmara dos Deputados.
As consequências da prática para a saúde física, mental e emocional
A violência e as práticas de dominação dos mais fracos pelos mais fortes sempre existiram na sociedade, desde os tempos antigos até os mais atuais. Muitas são as consequências destas ações que podem ser percebidas na saúde física, mental e emocional das vítimas. Pesquisas recentes apontam que os sofrimentos causados pelo bullying podem ser difíceis de serem superados.
Um artigo da Harvard Review of Psychiatry revelou que mulheres que sofreram bullying durante a infância tem 27 mais vezes de desenvolver transtorno do pânico no início da vida adulta. Em homens, a experiência de bullying gerou um aumento de 18 vezes em pensamentos e comportamentos suicidas.
Podem ser observados diversos prejuízos do bullying na saúde mental, como aumento da ansiedade, depressão, pensamento paranoico e desvalorização de si mesmo(a). Louise Arseneault, professora de psicologia do desenvolvimento da Universidade King’s College London, do Reino Unido, realizou uma pesquisa que apontou que o bullying pode fazer com que as vítimas interpretem as relações sociais de forma ameaçadora, comprometendo a qualidade de seus relacionamentos ao longo da vida.
Esta mesma pesquisa relevou que os níveis de estresse elevados causados pelo bullying trazem prejuízos ao sistema imunológico e inflamação do corpo, contribuindo para o desgaste dos órgãos e problemas como diabetes e doenças cardiovasculares.
Passos para diminuir o bullying
Na luta contra o bullying, os pais devem contribuir com alguns passos essenciais: conversar com os filhos sobre respeito, incentivar a diversidade e a inclusão e estimular o desenvolvimento de habilidades socioemocionais; atentar-se às suas mudanças de comportamento e a prejuízos nas roupas ou objetos de uso pessoal; manter um contato próximo com a escola e outros ambientes educativos que eles possam frequentar.
Outros agentes têm um papel importante neste processo. É dever da escola construir uma estrutura educacional que combata quaisquer tipos de violência e que garanta um espaço físico e emocionalmente seguro para a formação de vínculos e de aprendizagem. Os educadores, por sua vez, devem atuar com ações de proteção destes valores, se atentando aos comportamentos dos estudantes dentro do ambiente escolar, ensinando-os a lidar com as próprias emoções, como agir positivamente em conflitos, fomentando a conscientização e a tolerância zero ao bullying.
Crianças e jovens também podem atuar contra as intimidações. Devem desenvolver um comportamento proativo, se posicionando contra o agressor e pedindo ajuda aos mais velhos, como professores e familiares. Algumas atitudes devem ser evitadas, como entrar em lutas físicas ou verbais ou cultivar o desejo de vingança; as melhores soluções neste momento são a paciência, confiança e assertividade.